domingo, 24 de janeiro de 2016

João Pessoa/PB

Dia 2 de setembro partimos rumo a João Pessoa na Paraíba. Chegamos cerca de 14 horas. Nos perdemos um pouquinho na entrada de sua casa, mas rapidamente nos achamos. Feliz de encontrar antigos amigos, conhecer sua casa e sua companheira. 



Passamos os primeiros dias da estadia colocando em dia os nossos assuntos com a internet. O edital do prêmio Carequinha estava aberto e nós estávamos na missão de escrever.

No dia 4 de Setembro saímos com o intuito de ir a uma lagoa, passear um pouco e se distrair, quando chegamos estava tudo em obras. Depois pensamos em ir no centro, mas fazia muito calor e nós não nos encontramos. 

O melhor foi ter encontrado uma cafeteria muito simpática e agradável. 

Depois disso e de ter chegado a conclusão que não queríamos ficar no centro fomos para a praia. Decidimos relaxar e seguimos as placas com destino a praia do Cabo Branco. Foi muito feliz, praia tranquila, temperatura do mar ótima. Lamparina também estava uma alegria só, pulou, brincou e até se encorajou a entrar no mar quando eu e Romina entramos juntos. 

Chegando em casa ficamos do lado de fora por ter esquecido a chave, não teve problemas jantamos uma panqueca perto da casa do Ninno.

Dia seguinte também passamos muito tempo se dedicando ao projeto do Carequinha, sai quando estava anoitecendo para comprar o remédio da Lamparina seria a segunda aplicação da injeção de combate ao ácaro. Desta vez a nossa querida cachorrinha não deixou como a primeira, se mexeu e o remédio caiu quase todo fora.

No outro dia fomos a outra praia, desta vez mais distante e com o Ninno. A praia estava bem lotada. Nossa amiga Lamparina estava com tanto calor que ficou apenas deitada na sombra, tomando água e descansando. 

Estávamos muito cansados da viagem, nossa querida Lamparina demanda bastante atenção, nós estávamos emocionalmente bem sensíveis, no nordeste estávamos tendo bastante dificuldade com as secretarias de cultura e com a viabilização do projeto. Todas estas coisas fizeram com que chegássemos a conclusão de acelerar o percurso e partir direto para Fortaleza. 

No dia 7 de Setembro, organizamos tudo. Limpei todo o carro, tirei todos os bancos, aspirei tudo, limpeza completa. Organizei o bagageiro e na terça feira dia 8 partimos rumo a Mossoró no Rio Grande do Norte. 

Chegamos anoitecendo e ficamos em um lugar ótimo e barato. Uma casa anexo de um hotel, com garagem, quarto espaçoso, TV e ventilador. Mais do que o suficiente para descansarmos tranquilos e seguir no dia seguinte para Fortaleza. 

Recife/PE

A passagem por Recife foi bastante rápida, não queríamos passar muito tempo em capitais. Chegamos em Recife no dia 31 de Agosto, às 18 horas. Fomos recebidos pelo casal de artistas Anderson e Giulia, criadores da companhia Caravana Tapioca. O objetivo principal era resolver as questões de Romina com o consulado Argentino. 

No dia 1 de Setembro fomos ao consulado e por incrível que pareça foi muito rápido, tudo que ela precisava se encontrava na mesma avenida tanto o banco para pagar a taxa, como o local para tirar foto 3 x 4 e em instantes Romina já tinha dado entrada no seu documento Argentino. O único problema seria o tempo que demora para chegar, mas isso era o de menos, estava resolvido. 

No mesmo dia tiramos a tarde de passeio, fomos até Olinda. Conhecemos o Alto da Sé e passamos por várias lojas de artesanatos. Estávamos felizes pelos compromissos realizados. 

Dia 2 de Setembro, partimos para João Pessoa/PB.

Caruaru/PE

Caminho à Caruaru, estava sendo uma viagem tranquila até chegar em uma polícia rodoviária de Pernambuco. Estávamos a poucos quilômetros da cidade desejada, quando o policial saiu do posto e fez sinal para pararmos. Eu estava tranquilo em relação a minha habilitação, mas não sabia como estava a situação do documento do carro. 



O policial falou que o licenciamento do carro estava atrasado. Eu ão sabia qual era o procedimento de pagamento, no momento em que eu perguntei se tinha chegado algo para pagar em Florianópolis me disseram que não. Então, relaxei. Vivemos uma pressão causada pelos policiais dizendo que tinham inclusive que apreender o carro. Faziam muito silêncio e nos davam poucas explicações. Romina falando com um policial fora, contando um pouco da nossa história de uma forma que para mim parecia descontraída e eu na sala tenso tentando entender o que iria acontecer. 

No final o policial demorou muito tentando emitir a notificação, nós saímos e ele ficou com os meus dados tentando, seguimos para Caruaru. O guarda não apreendeu o veículo e falou que eu teria que resolver o débito o mais rápido possível e que eu me informasse com o estado de origem do documento. 

A reflexão que tivemos é que o estado poderia lidar com este tipo de situação com menos tensão, sendo claros em relação ao procedimento que deveríamos tomar. Não agir em função do medo. Descobrimos que os policiais ganham comissões a cada notificação e achamos um absurdo. Para a gente este tipo de procedimento influencia a corrupção. Outro aprendizado é que mais uma vez percebemos que cada estado é um país e os procedimentos são diferentes, de forma que nenhum estado sabe como proceder quando se trata de assuntos relacionados ao outro. Posterior a este momento de aflição, seguimos viagem com mais uma missão burocrática pela frente, aprender e regularizar a situação do documento do carro. 

Entrando na cidade percebemos pela quantidade de luz o tamanho de Caruaru. O cansaço da viagem e os meses que já estávamos na estrada, somado ao imprevisto da polícia rodoviária nos fez pensar em pegar direto para Fortaleza o que seria bem arriscado sem documento do veículo. Decidimos nos alimentar de paciência, respirar e resolver tudo da melhor maneira possível. Precisávamos continuar com o projeto e finalizá-lo bem. Depois de tudo isso ligamos para Marília e marcamos um ponto de encontro em um shopping no centro da cidade. 

Conhecemos a simpática Marília e ela nos levou para a casa de Luiz Simão quem se disponibilizou em nos receber. Simão faz parte de um antigo grupo de teatro da cidade chamado TEA, ele ficou sabendo do nosso projeto e gentilmente se ofereceu em nos ajudar. 

Chegamos na casa do Luiz, tiramos tudo do carro e levamos para dentro de casa por recomendação do morador, Simão disse que era melhor não confiar. Subimos tudo por uma escada super ingrime. Chegamos cansados e preocupados com o documento do carro. 

Dormimos os dois em uma cama de solteiro, virados no sentido contrário um do outro para que a gente tenha mais espaço. Lamparina na sua caminha, mas como todo filhote sempre chorando a procura do calor dos donos.



Na terça feira de 4 de Agosto, começamos nossa estadia em Caruaru indo no centro com o intuito de resolver todas as pendências. Teríamos que ir no banco, levar Lamparina no veterinário pois ela vinha tendo muito coceira, descobrir como pagar as pendências para regularizar o documento do carro e ir em um cartório para fazer uma procuração. Como o documento do carro é de Florianópolis todo o procedimento teria que ser feito pela Janete através de uma procuração enviada por nós. Enfim, Brasil da BURROcracia. 


Tentando resumir, essa resolução levaram vários dias. Muitas idas e  vindas na internet. Muitas ligações para o DETRAN de Florianópolis, até que conseguimos enviar os documentos necessários para Janete, pagar todos os débitos relacionados ao carro e agora seria esperar que a querida amiga de Floripa resolvesse tudo e enviasse o documento para a gente. 

Toda essa estressante aventura somada com noites mau dormidas. Com o objetivo de tentar melhorar Romina inclusive armou o seu pequeno colchonete de acampamento, mas não solucionou. 

Pensamos em possibilidades de solução e uma delas foi ligar para Marília perguntando se a gente poderia ir para a zona rural Caldeirão onde a sua família possui uma casa e ela havia nos oferecido anteriormente. Diante disso Marília muito articulada se mobilizou, conseguiu colchões de solteiro e deixamos combinado a ida para o Caldeirão. 

No sábado Marília nos pegou para a gente sair, se distrair, conhecer um pouco da cidade, tomar uma cerveja e rir um pouco de toda esta situação. Transformá-la!

No dia seguinte fomos nos apresentar no parque Ambientalista Severino Montenegro, que ficava em Indianópolis. Chegamos mais ou menos 15:30. Montamos nossa pequena estrutura enquanto Marília foi pegar uma amiga. Fomos convocando o público, estávamos previstos para inicias 16 horas, mas começamos as 16:20. O sol foi baixando, a roda crescendo, eu fui fazendo aquecimentos com o público, organizei as crianças e enrolamos até que a Marília chegasse. Queríamos que ela assistisse e além disso ela iria tirar fotos. Quando decidimos começar, ela chegou. 



Uma roda desafiadora, muita dispersão, as crianças com muita necessidade de atenção, pessoas indo embora antes e durante o momento do chapéu. Mas ainda assim o parque muito bonito, a roda estava linda e o chapéu com toda a dificuldade foi bom. 



Muitos aprendizados, depois descobrimos que tem um ônibus de 17 horas e as pessoa saíram para não perdê-lo. Em alguns lugares não podemos se estender, também temos que deixar muito claro que somos uma companhia independente e não temos patrocínios. Sempre há o que melhorar. 



Estávamos muito felizes com as fotos da Marília que ficaram muito boas. Um ótimo e lindo registro para o nosso trabalho. Comemoramos este dia saindo para comer esfirras.

No dia seguinte havíamos combinado de ir para a zona rural depois das 14 horas. Resolveríamos assuntos pela manhã e iríamos pela tarde, mas não foi tão simples como imaginávamos. Fomos em vários veterinários, andamos muito no centro e no sol com Lamparina até que o universo nos levou para a pessoa certa. Uma veterinária especialista em dermatologia canina. Muito chic nossa querida Lamparina. O valor nos fez sentar e respirar. Pensamos depois de tudo isso que da mesma forma que desejamos que valorizem o nosso trabalho, precisamos valorizar o ofício das outras pessoas. O resultado do exame feito sairia no dia seguinte, o que implicaria adiar mais um dia da ida na zona rural. Quando ligamos para Marília, ela nos informou que já estava tudo avisado na escolinha que apresentaríamos e que a diretora da escola estaria nos esperando.

No dia seguinte pegamos o exame e Lamparina foi atendida, ela estava com ácaros. Os bichinhos cavam a pele deixando ovos e gerando a coceira que tanto a incomodava. A doutora também passou uma vitamina para repôr o músculo da patinha que desde a injeção que levou em Piaçabuçu ainda não pisava bem. Ficou a missão para a gente dar as injeções em combate ao ácaro. Estávamos mais tranquilos em relação a cachorrinha. 

Conseguimos ir para a zona rural neste mesmo dia, dia 25 de Agosto. Nos encontramos com Marília e ela nos guiou até o Caldeirão. Andamos mais ou menos 30 quilômetros, sendo 8 de estrada de terra, o que nos fez perceber que Olivério estava cada vez mais frágil e que precisa do conserto do piso. 



Quando chegamos deixamos o fusca descansando. 

Depois fomos conhecer a Irmã Nazaré e a escola que iríamos nos apresentar. Uma senhora de 78 anos que dedicou 30 destes anos a comunidade do Caldeirão, principalmente na área da educação. Pensamos juntos como seria e tudo ficou marcado para o dia seguinte. Segundo ela as crianças estavam ansiosas. 

Votamos para a casa da família da Marília, conversamos compartilhamos e como sempre um encontro muito agradável. Dia 26 de Agosto fomos para escola no período da manhã, as crianças estavam em suas salas e quando parávamos nas janelas todos gritavam juntos: SEJAM BEM VINDOS! Rapidamente alguns chegaram para nos ajudar. Como sempre armamos rápido, as professoras organizaram as crianças em volta da lona e fizemos uma linda apresentação. Eles estavam encantados, mas foi perceptível o estranhamento de quem nunca tinha tido a experiência de um espetáculo desta forma. Provavelmente tinham a referência da TV, palhaços como Patati e Patata ou algo assim, ficamos com esta sensação. No final vieram com suas curiosidades e perguntas. 

Durante a apresentação ficamos um pouco dispersos por conta da Lamparina, mas tivemos a grande ajuda da irmã Nazaré que deu assistência a cachorrinha. 

Quando achávamos que tinha acabado a irmã diz: Passa o chapéu que eles trouxeram umas moedinhas, Não contávamos com essa parte, mas achamos lindo, pois é um grande aprendizado para as crianças valorizarem o nosso trabalho, faz parte do processo formativo. Foi muito consciente da parte da diretora e nos ajudou a pagar a gasolina.

Passamos os dias seguintes na zona rural, o que foi ótimo. Muito sossego e tranquilidade enquanto esperávamos os documentos que já estavam encaminhados.





No dia 28 de Agosto tivemos a notícia que os documentos do carro chegaram no escritório da Rosário, tia da Marília. Ficamos felizes, foi rápido. 



No dia 29 de Agosto, parte da família da Marília se reuniu na casa em confraternização devido a colheita do milho. Estava todo mundo com a mão na massa, ou melhor, no MILHO. Comemos milho cozido, milho assado e elas ficaram até mais tarde fazendo canjica e pamonha. 


Nós não esperamos a pamonha e a canjica e partimos para Caruaru agradecidos. Comemos um sorvete com Marília quando chegamos na cidade. 



Dia 30 de Agosto fomos conhecer o famoso Alto do Moura, com Marília e Luiz. Um bairro que conserva as raízes de Caruaru, muitas lojas expondo e vendendo a arte dos mestres do barro. O local também possui museus falando um pouco da vida dos principais mestres e claro culinária 







Fomos no museu do mestre Galdino, muito interessante sua história e sua obra. Trabalhos incríveis. 


Almoçamos, nos divertimos e depois fomos para o parque para mais uma apresentação. A apresentação estava marcada para o mesmo parque que tínhamos feito anteriormente, mas desta vez não foi tão boa. O público estava muito disperso, nós não nós não estávamos conectados e o chapéu foi fraco. Muitos aprendizados como sempre.

No período da noite fomos até a casa de Marília, comemos a pamonha e a canjica que não havíamos comido no Caldeirão. Tomamos cafezinho, muitas conversas, compartilhamentos e assistimos a um documentário muito bom chamado "Tarja Branca". 

No dia seguinte já estava tudo pronto, nos despedimos de Luiz e partimos para Recife/PE. 

Maragogi/AL

O caminho para Maragogi/AL foi de muitas reflexões sobre a cidade anterior, no caso Pilar. Buscamos ficar com os aprendizados e dar continuidade a viagem. 



No caminho decidimos parar em um posto de gasolina para abastecer e encher o step. Pedimos indicação para um senhor que gentilmente anotou todas as referências em um papel. Com o mapa e as referências nas mãos, partimos para Maragogi. 



Um caminho que economizaríamos alguns quilômetros, até que em um determinado momento da estrada os carros que vinham no sentido contrário faziam sinal de luz. Com a quantidade de gente que fazia sinal, pensamos: É blitz! Ainda não estava com a carteira de motorista em mãos, minha mãe ainda iria enviar para Maragogi. 



Depois de uma curva vimos a blitz armada, eu dirigindo na dúvida do que fazer. Romina não pensou duas vezes, olhou pra mim e disse: Você vai dar a volta, né? Não vinha carro no sentido contrário, eu fiz o retorno com o coração na mão e as pernas tremendo. Voltamos para Maceió, pegamos a estrada mais longa e pelo litoral. Um alívio e um sinal. Romina rezou para que a próxima cidade fosse tranquila, para que a gente pudesse esperar os documentos com calma. Ao chegar fomos à prefeitura, pois havíamos enviado o projeto para o secretário de cultura e ele nos respondeu que iria olhar.

Almoçamos do outro lado da rua em um lugar super econômico. Neste lugar também pedimos algumas referências de lugares para se hospedar barato. Procuramos pela cidade, mas nenhum aceitava cachorro. Até que em um albergue uma moça nos sugeriu que procurássemos um rapaz chamado Erasmo, idealizador de um projeto chamado Ecobike Expedições. Saímos a procura de um rapaz de blusa amarela e boné vermelho. 



O encontramos saindo de uma pousada, rapidamente contamos para ele a ideia do projeto e que estávamos procurando um lugar para ficar que aceitassem cachorro. Erasmo fez um preço razoável e contou que no dia seguinte viajaria para Noruega, mas que nós poderíamos ficar na sua casa. Subimos para o bairro, do jeito que a gente gosta, saindo do circuito turístico. Incrível, confortável, olhando do alto do morro para o mar. 


Descarregamos o carro e fomos conhecer um pouco da cidade. Conhecer quais seriam os possíveis lugares de apresentação e as possibilidades de horários. Vimos um local chamado de praça de Eventos que fica na Orla, este era um bom local, movimentado, mas com muito vento. Decidimos fazer uma apresentação no dia seguinte, sábado às 18 horas. 

Dia seguinte fomos até a rádio, chegando no local a recepcionista disse que não seria possível. Saímos um pouco tristes, pois achávamos que seria mais fácil como nas outras cidades. Sabíamos o que fazer, colocamos a caixa de som em cima do carro e divulgamos por nossa conta, antes de sair passou um rapaz da rádio que tinha ouvido a conversa e se disponibilizou a ajudar, divulgando no programa dele. 



Depois da divulgação, fomos na praia tomar um banho de mar e sair com a nossa querida companheira Lamparina. 



Antes, passamos pelo restaurante Maragaço com o intuito de explicar o projeto e pedir apoio para o almoço, o simpático dono nos concedeu e nós ficamos felizes. Percebemos que quando a comunidade tem interesse o projeto se torna possível independente da secretaria de cultura. 



Saindo da praia encontramos o casal, também Brasil - Argentina que viaja de bicicleta, artesãos e malabaristas. No meio da conversa com eles aparece o Caco nos procurando. O bom de cidade pequena é que não precisa de telefone, todo mundo se encontra na rua. Ele queria nos apresentar ao seu Tio, Ivam do mergulho como era conhecido. Um gaúcho que a muito tempo vive em Maragogi e nesta cidade construiu sua vida. 

Fomos até a sua casa saber como ele poderia nos ajudar. Um homem bastante solicito, influente e envolvido com a cidade. Na conversa ele nos propôs ajuda com o combustível, ficou de divulgar as apresentações em suas redes sociais e tentar articular apresentações em hotéis importantes da cidade. Além de tudo isso, nos presenteou com uma extensão de 40 metros que tanto nos fazia falta. Saímos de sua casa agradecidos pela sua atenção e generosidade. 



Depois da reunião almoçamos, descansamos e quando acordamos iniciamos a preparação para a presentação. Seria na praça de Eventos. Era um enorme espaço, rodeado por batentes que serviam como arquibancadas. Posicionamos o carro em um local estratégico para deixar parte do público sentado, deixando também o espaço para as crianças sentarem no chão. Ligamos a caixa e começamos a pré - convocatória, aos poucos o público foi se aproximando.

Conseguimos um ponto de energia com o restaurante do lado, o Maragomar. Fizemos uma pareceria instantânea com a pastelaria da calçada da frente, que nos emprestou "Ts" para as tomadas e nos impressionou com a enorme simpatia e generosidade. Fizemos uma apresentação caótica por conta do vento, malabares voando, uma loucura. Mas o público estava disposto a se divertir e estavam bastante presentes.

Nesta apresentação muitas pessoas chegaram do meio para o final, o próprio Ivam do mergulho chegou com as famílias quando estávamos finalizando. Avisaram-nos que o público forte seria a partir das 20 horas. Convocamos novamente as pessoas e fizemos a segunda sessão, por sinal foi ótima pois já sabíamos do vento e de como poderíamos adaptar. O malabares com chapéu saiu e deu lugar a mágica com as crianças, Romina não fez as bolhas e fizemos o tempo justo. Uma adaptação interessante. Esta noite conseguimos exorcizar a cidade de Pilar e jantamos um delicioso pastel na pastelaria O Tubarão do casal Geyson e Stefany o casal super simpático com suas duas pequenas filhas lindas. Fizemos ótimos amigos.





Dia 9 de Agosto, a apresentação estava marcada para o centro, na praça da matriz, em frente a igreja de Santo Antônio. Um praça com um anfiteatro interessante. Durante o dia fizemos divulgação com o carro, mas desta vez levamos as crianças. Colocamos um chapéu em cada uma e seguimos. Durante a divulgação o carro morreu, mas não foi motivo de preocupação já sabíamos o que era: GASOLINA. Deixei a trupe no carro e fui comprar gasolina de moto - taxi.

Voltamos para casa, neste dia o restaurante Maragaço não pôde nos apoiar com o almoço, por motivo de crise e baixa estação. Não foi problema, fomos ao restaurante Maragomar, que no caso o dono era nada mais, nada menos que o irmão do dono do Maragaço. Estávamos todos em família, tivemos um ótimo almoço a beira - mar. Cidade agradável, pessoas solicitas e acolhedoras. Estávamos nos sentindo bem, o trabalho seguia ótimo. Foi o lugar ideal para esperar a encomenda da minha mãe.


Por conta dos documentos, a possibilidade de apresentar em escolas e a possível contratação de hotéis prolongamos a nossa estadia em Maragogi. Estávamos nos sentindo em casa, a vizinhança ótima, o dono do mercadinho que parecia que sempre nos conheceu, tudo era perfeito.



Chegou o momento de ir à praça, quando chegamos percebemos que o anfiteatro que imaginávamos ser interessante não tinha iluminação suficiente, não teve problema armamos em um ponto mais iluminado da praça e que também tinha bastante espaço. Fomos montando e o público foi chegando, inclusive pessoas que já tinham visto o espetáculo e foram só para ver novamente. Quando tudo estava pronto começou uma certa ansiedade porque a missa não terminava e os espectadores que estavam presentes tinham sede de espetáculo.



Começamos com maquiagem, aquecimentos, apresentação do projeto e quando estávamos no número musical a missa acabou e a roda ficou gigante. No início foi difícil fazer o público reagir, mas no decorrer do espetáculo estavam explodindo e gerando onda de risos.  

Ao final tivemos que fazer um discurso para o chapéu um pouco mais forte, mas foi ótimo. Depois, já no processo de desmontagem toda a generosidade da população, elogios e desejos de positividades. Jô que já havia assistido várias vezes, ficou com a gente até o fim, ouviu nossas histórias e nos convidou para almoçar na sua casa. 

Dia seguinte tivemos um delicioso almoço, com direito a uma agradável conversa e presente da querida Jô. Ganhamos um kit com pasta de dentes, sabonete e coisinhas úteis para o cotidiano de quem está viajando. Além de tudo isso, nos deu várias indicações de escolas que poderíamos apresentar nossa proposta. 



Dedicamos a tarde para fazer a produção das escolas, consultar a internet e descansar. Na escola Educandário tivemos um ótimo diálogo com a diretora e rapidamente fechamos a apresentação nos períodos manhã e tarde com o valor de R$ 5,00 por criança. Na escola municipal infelizmente não foi possível realizar o espetáculo e na escola que nos impulsionou a enviar as propostas de espetáculo para os colégios acabou não conseguindo se organizar para receber o espetáculo.

Na quarta feira, dia 12 de Agosto chegamos na escola Educandário pela manhã e foi um processo desafiador acordar os palhaços tão cedo, mas fomos aquecendo e a apresentação foi linda. As crianças e professores adoraram. 

No período da tarde a diretora ficou preocupada em relação a quantidade de criança e o tamanho do espaço. Com organização deu tudo certo, a apresentação foi incrível e as reações das crianças a cada ação nossa reverberavam como uma avalanche. Gostaram muito da proposta de se maquiar na frente das crianças e pedir ajuda para eles, ouvimos histórias de pequenos que tinham medo de palhaço, mas que abstraíram e  se divertiram muito. Outro comentário positivo que ouvimos foi da sutileza do nosso trabalho, sem a necessidade de piadas imorais e muito menos a desmoralização do público. Foi um retorno artístico e financeiro positivo, ficou o contato para um próximo retorno. 



No dia 14 de Agosto estava marcada a presentação na escola Criança Feliz, onde trabalha Elaine uma vizinha que se tornou nossa amiga. Percebemos que no período da manhã o nosso corpo demorava a responder e a apresentação acabou sendo um pouco mecânica. Diferente da escola Educandário algumas crianças pequenas ficaram na frente e no momento do espetáculo, acabaram se assustando e tendo que sair por conta do choro. Foi motivo de desconcentração para a gente. Nós fizemos e no final deu tudo certo! No período da tarde estávamos mais dispostos e a apresentação foi melhor. Crianças maiores que se divertiram muito, saímos mais contentes.


Tudo foi um grande aprendizado. sobre o nosso trabalho, em relação ao contato com as escolas, a relação com as cidades e sempre cuidando para que tudo saísse da melhor forma.

Nos últimos dias em Maragogi, nos organizamos com os últimos detalhes da produção. Estávamos nos preparando para seguir rumo a Caruaru/PE. Faltava pegar a carteira de habilitação os correios, tiramos o domingo para ir na praia e descansar um pouco depois de tantas apresentações. Aproveitamos o último dia em Maragogi que tanto simpatizamos. Ficou um forte desejo de voltar, rever os amigos que fizemos e conhecer as piscinas naturais.

As respostas relacionadas aos hotéis seriam na segunda feira, deixamos tudo pronto e ficamos no aguardo. Na demora pegamos a estrada seguindo as instruções de Elaine, que sempre viajava para Pernambuco. No caminho recebemos a ligação de Ivam dizendo que os hotéis não dariam certo, tranquilo pois nós já estávamos alimentando o desejo de partir. Pegamos a estrada rumo a Caruaru/PE.

Piaçabuçu/AL

Dia 28 de Julho, quarta feira, Piaçabuçu/AL nos esperava. O nosso amigo Olivério teve que pegar uma balsa para atravessar para o outro lado do Rio São Francisco, uma nova aventura para ele e para a nossa querida Lamparina que estava descobrindo o mundo.



Contato dado pelo Circo do Asfalto, fomos recebidos pelo pessola de uma associação de arte e cultura em defesa do Rio São Francisco. 





Coordenada e idealizada por Dalva e Jasiel que nos receberam em sua casa tentando com a prefeitura o apoio de alimentação e combustível. Também visualizávamos apoios com transportes para comunidades que queríamos apresentar. Uma comunidade quilombola e outra em uma ilha do Rio São Francisco. Não tivemos respostas da secretaria e as apresentações se tornaram inviáveis pelo fato dos locais serem de difícil acesso. 

No dia 29 de Julho fomos conhecer a ilha do Gundim, onde Jasiel e Dalva possuem um sítio e onde teria a apresentação, lugar interessante, comunidade rural e pesqueira, onde se encontra mais ou menos 45 casas afastadas uma das outras. 



Saímos de Piaçabuçu rumo a ilha quando o sol nem havia saído ainda. Chegamos para conhecer a ilha na lancha escolar que pega as crianças. Passamos o dia, a pequena ilha do rio ainda não possui energia elétrica. 










Interessante, muita natureza, um grande silêncio que aos poucos foi nos deixando impacientes. Além de Jasiel e Dalva estavam seus dois filhos, Januário e Pedro que foram nossas companhias  propondo brincadeiras de criança e contando as suas experiências no local. Não tínhamos levado muitas coisas. Eu tentei malabares, subi em árvore, colhemos limão, banho de rio e os cuidados constantes da Lamparina. Acabamos não visualizando o lugar da apresentação e no outro dia voltamos para a cidade. Novamente com a carona da lancha escolar.



Depois deste dia em um lugar sem energia elétrica e de tanta tranquilidade tiramos o dia 30 de Julho para fazer produção, tentando entrar em contato com as próximas cidades. Depois de muitas questões, reflexões e desejos de seguir decidimos apresentar na sexta, mas a família sugeriu que a apresentação fosse no sábado, pelo fato de ter tempo de divulgar. Surgiu a possibilidade de apresentar na escola que Dalva trabalha, mas acabamos desistindo. Resumindo, produzimos tudo na sexta e apresentamos no sábado. 

Neste dia pensamos muito em ir embora, mesmo não conseguindo fechar com as próximas cidades. Fomos até Penedo com o intuito de tirar dinheiro, mas sem o cartão e depois de tanto insistir consegui tirar apenas R$ 100,00. Impossível viajar, chateação com o banco e com todo o sistema. Foi quando fechamos, precisamos fazer o projeto acontecer em Piaçabuçu.

31 de Julho, Jasiel nos levou na casa de um rapaz conhecido como Menininho, super articulado, antigo secretário de cultura que rapidamente fez uma super produção, para o espetáculo acontecer no sábado. Conseguiu espaço na rádio, fez um cartaz para o facebook, conseguiu almoço, articulou combustível e fez a gente se sentir estimulado e com vontade de apresentar. 

Dia 1 de Agosto, organização para o espetáculo que seria às 19h30. Um passeio ou outro pelas margens do rio, uma volta na praça, mas estávamos ocupados com a organização das próximas cidades que não respondiam. Fomos na feira pela manhã na tentativa de divulgar, mas foi desconfortável. A Lamparina no colo, acordeon da Burbuja, eu com a escaleta, Romina incomodada com os homens da feira, decidimos voltar logo.

A noite fomos a praça para os preparativos, a praça estava um deserto. Nos assustou, pensávamos por um momento que não teria público. Caixa de som ligada, lona armada, Olivério no lugar e Lamparina em sua caixinha muito bem comportada. 



Eu fui no banheiro, depois a Romina e surpreendentemente o público foi chegando. Apresentação inicialmente desconcentrada, eu trocava as palavras, mas aquecemos e nos divertimos muito. O público se divertiu. Estávamos agradecidos e exorcizados. 






Domingo, dia 2 de Agosto era o dia da famosa cavalgada da cidade, dia de festa no interior, um dos motivos da apresentação não ter sido possível nesta data. Todos passam o dia com cavalo ou carroça desfilando pela cidade, também é dia de festa e bebida. Não combina com a nossa proposta. 



Na passagem do chapéu, Burbuja disse que aceitava passeio para a foz do Rio São Francisco e como o universo é generoso tinha um guia na plateia e conseguiu para a gente. Larry é o nome dele, um rapaz simpático e generoso. 



No dia 3, fomos à foz do rio São Francisco. Um passeio lindo e cheio de histórias. Realizamos um forte desejo. Foi praticamente um presente do universo. Depois de ter apresentado em algumas cidades ribeirinhas, podemos dizer que fechamos um ciclo indo até a foz e presenciando esta beleza da nantureza. Vivenciamos tudo isso com uma única e verdadeira sensação: Agradecimento.

Fomos muito bem cuidado por Larry que conseguiu o passeio e o almoço. Uma equipe de guias muito divertida que fizeram com que as informações sejam transmitidas de forma muito agradável. Ouvimos do guia Robson as riquezas, histórias e problemas que atualmente o rio vem sofrendo. 


No passeio teve até forró e claro não poderíamos ficar de fora. Conhecemos também Marenice e sua filha Mayara de Taubaté/SP. Como Marenice mesmo se denominou: Cachorreira. Contou várias histórias curiosas a respeito da sua relação com cachorro e disse já ter salvado mais de 40. Foi perceptível o amor que ela tinha por Lamparina, ficando com ela no colo enquanto a gente levantou pra dançar o forró. Conversamos muito e recebemos até convite ir a sua cidade. 

Um caminho de barco repleto de belezas e uma chegada com gente simples e generosa em suas barracas, oferecendo o seu melhor atendimento aos visitantes. Barracas de artesanatos e comidas é a fonte de renda de alguns moradores da região.



Larry muito orgulhoso da sua terra, fez questão de que a gente provasse tudo. Cada coisa mais deliciosa que a outra.
 

No mesmo dia às 15:30 ministramos a oficina de "Acrobacia de Dupla" no Centro Cultural João Ferreira da Silva. Conseguimos oganizá-la graças a um dos integrantes da ONG Olha o Chico e garçom do restaurante que almoçamos que tanto nos pediu. Tivemos inclusive a participação de Larry e Robson responsáveis pelo nosso incrível passeio. 

Foi uma oficina muito divertida, um olho na oficina e outro na Lamparina que várias vezes fez xixi ou cocô como um bom filhote de cachorra. A turma muito esforçada e animada, mas saíram mortos. 

Dia 4 de Agosto, descansamos e usamos o dia para fazer produção para as próximas cidades. A entrada no nordeste estava sendo bastante desafiadora, as cidades respondiam que estavam muito em cima da hora, queriam que a gente adiasse as datas para um evento específico ou já tinham algum evento marca. Na apresentação em Piaçabuçu/AL conhecemos Gorette, uma moça da cidade de Pilar/AL que nos convidou para a sua cidade, como estava no caminho para Maragogi/AL cidade que também botamos no roteiro, decidimos ir. Foi uma passagem rápida e com apenas 1 apresentação. Decidimos pular para Maragogi/AL.