domingo, 24 de janeiro de 2016

Maragogi/AL

O caminho para Maragogi/AL foi de muitas reflexões sobre a cidade anterior, no caso Pilar. Buscamos ficar com os aprendizados e dar continuidade a viagem. 



No caminho decidimos parar em um posto de gasolina para abastecer e encher o step. Pedimos indicação para um senhor que gentilmente anotou todas as referências em um papel. Com o mapa e as referências nas mãos, partimos para Maragogi. 



Um caminho que economizaríamos alguns quilômetros, até que em um determinado momento da estrada os carros que vinham no sentido contrário faziam sinal de luz. Com a quantidade de gente que fazia sinal, pensamos: É blitz! Ainda não estava com a carteira de motorista em mãos, minha mãe ainda iria enviar para Maragogi. 



Depois de uma curva vimos a blitz armada, eu dirigindo na dúvida do que fazer. Romina não pensou duas vezes, olhou pra mim e disse: Você vai dar a volta, né? Não vinha carro no sentido contrário, eu fiz o retorno com o coração na mão e as pernas tremendo. Voltamos para Maceió, pegamos a estrada mais longa e pelo litoral. Um alívio e um sinal. Romina rezou para que a próxima cidade fosse tranquila, para que a gente pudesse esperar os documentos com calma. Ao chegar fomos à prefeitura, pois havíamos enviado o projeto para o secretário de cultura e ele nos respondeu que iria olhar.

Almoçamos do outro lado da rua em um lugar super econômico. Neste lugar também pedimos algumas referências de lugares para se hospedar barato. Procuramos pela cidade, mas nenhum aceitava cachorro. Até que em um albergue uma moça nos sugeriu que procurássemos um rapaz chamado Erasmo, idealizador de um projeto chamado Ecobike Expedições. Saímos a procura de um rapaz de blusa amarela e boné vermelho. 



O encontramos saindo de uma pousada, rapidamente contamos para ele a ideia do projeto e que estávamos procurando um lugar para ficar que aceitassem cachorro. Erasmo fez um preço razoável e contou que no dia seguinte viajaria para Noruega, mas que nós poderíamos ficar na sua casa. Subimos para o bairro, do jeito que a gente gosta, saindo do circuito turístico. Incrível, confortável, olhando do alto do morro para o mar. 


Descarregamos o carro e fomos conhecer um pouco da cidade. Conhecer quais seriam os possíveis lugares de apresentação e as possibilidades de horários. Vimos um local chamado de praça de Eventos que fica na Orla, este era um bom local, movimentado, mas com muito vento. Decidimos fazer uma apresentação no dia seguinte, sábado às 18 horas. 

Dia seguinte fomos até a rádio, chegando no local a recepcionista disse que não seria possível. Saímos um pouco tristes, pois achávamos que seria mais fácil como nas outras cidades. Sabíamos o que fazer, colocamos a caixa de som em cima do carro e divulgamos por nossa conta, antes de sair passou um rapaz da rádio que tinha ouvido a conversa e se disponibilizou a ajudar, divulgando no programa dele. 



Depois da divulgação, fomos na praia tomar um banho de mar e sair com a nossa querida companheira Lamparina. 



Antes, passamos pelo restaurante Maragaço com o intuito de explicar o projeto e pedir apoio para o almoço, o simpático dono nos concedeu e nós ficamos felizes. Percebemos que quando a comunidade tem interesse o projeto se torna possível independente da secretaria de cultura. 



Saindo da praia encontramos o casal, também Brasil - Argentina que viaja de bicicleta, artesãos e malabaristas. No meio da conversa com eles aparece o Caco nos procurando. O bom de cidade pequena é que não precisa de telefone, todo mundo se encontra na rua. Ele queria nos apresentar ao seu Tio, Ivam do mergulho como era conhecido. Um gaúcho que a muito tempo vive em Maragogi e nesta cidade construiu sua vida. 

Fomos até a sua casa saber como ele poderia nos ajudar. Um homem bastante solicito, influente e envolvido com a cidade. Na conversa ele nos propôs ajuda com o combustível, ficou de divulgar as apresentações em suas redes sociais e tentar articular apresentações em hotéis importantes da cidade. Além de tudo isso, nos presenteou com uma extensão de 40 metros que tanto nos fazia falta. Saímos de sua casa agradecidos pela sua atenção e generosidade. 



Depois da reunião almoçamos, descansamos e quando acordamos iniciamos a preparação para a presentação. Seria na praça de Eventos. Era um enorme espaço, rodeado por batentes que serviam como arquibancadas. Posicionamos o carro em um local estratégico para deixar parte do público sentado, deixando também o espaço para as crianças sentarem no chão. Ligamos a caixa e começamos a pré - convocatória, aos poucos o público foi se aproximando.

Conseguimos um ponto de energia com o restaurante do lado, o Maragomar. Fizemos uma pareceria instantânea com a pastelaria da calçada da frente, que nos emprestou "Ts" para as tomadas e nos impressionou com a enorme simpatia e generosidade. Fizemos uma apresentação caótica por conta do vento, malabares voando, uma loucura. Mas o público estava disposto a se divertir e estavam bastante presentes.

Nesta apresentação muitas pessoas chegaram do meio para o final, o próprio Ivam do mergulho chegou com as famílias quando estávamos finalizando. Avisaram-nos que o público forte seria a partir das 20 horas. Convocamos novamente as pessoas e fizemos a segunda sessão, por sinal foi ótima pois já sabíamos do vento e de como poderíamos adaptar. O malabares com chapéu saiu e deu lugar a mágica com as crianças, Romina não fez as bolhas e fizemos o tempo justo. Uma adaptação interessante. Esta noite conseguimos exorcizar a cidade de Pilar e jantamos um delicioso pastel na pastelaria O Tubarão do casal Geyson e Stefany o casal super simpático com suas duas pequenas filhas lindas. Fizemos ótimos amigos.





Dia 9 de Agosto, a apresentação estava marcada para o centro, na praça da matriz, em frente a igreja de Santo Antônio. Um praça com um anfiteatro interessante. Durante o dia fizemos divulgação com o carro, mas desta vez levamos as crianças. Colocamos um chapéu em cada uma e seguimos. Durante a divulgação o carro morreu, mas não foi motivo de preocupação já sabíamos o que era: GASOLINA. Deixei a trupe no carro e fui comprar gasolina de moto - taxi.

Voltamos para casa, neste dia o restaurante Maragaço não pôde nos apoiar com o almoço, por motivo de crise e baixa estação. Não foi problema, fomos ao restaurante Maragomar, que no caso o dono era nada mais, nada menos que o irmão do dono do Maragaço. Estávamos todos em família, tivemos um ótimo almoço a beira - mar. Cidade agradável, pessoas solicitas e acolhedoras. Estávamos nos sentindo bem, o trabalho seguia ótimo. Foi o lugar ideal para esperar a encomenda da minha mãe.


Por conta dos documentos, a possibilidade de apresentar em escolas e a possível contratação de hotéis prolongamos a nossa estadia em Maragogi. Estávamos nos sentindo em casa, a vizinhança ótima, o dono do mercadinho que parecia que sempre nos conheceu, tudo era perfeito.



Chegou o momento de ir à praça, quando chegamos percebemos que o anfiteatro que imaginávamos ser interessante não tinha iluminação suficiente, não teve problema armamos em um ponto mais iluminado da praça e que também tinha bastante espaço. Fomos montando e o público foi chegando, inclusive pessoas que já tinham visto o espetáculo e foram só para ver novamente. Quando tudo estava pronto começou uma certa ansiedade porque a missa não terminava e os espectadores que estavam presentes tinham sede de espetáculo.



Começamos com maquiagem, aquecimentos, apresentação do projeto e quando estávamos no número musical a missa acabou e a roda ficou gigante. No início foi difícil fazer o público reagir, mas no decorrer do espetáculo estavam explodindo e gerando onda de risos.  

Ao final tivemos que fazer um discurso para o chapéu um pouco mais forte, mas foi ótimo. Depois, já no processo de desmontagem toda a generosidade da população, elogios e desejos de positividades. Jô que já havia assistido várias vezes, ficou com a gente até o fim, ouviu nossas histórias e nos convidou para almoçar na sua casa. 

Dia seguinte tivemos um delicioso almoço, com direito a uma agradável conversa e presente da querida Jô. Ganhamos um kit com pasta de dentes, sabonete e coisinhas úteis para o cotidiano de quem está viajando. Além de tudo isso, nos deu várias indicações de escolas que poderíamos apresentar nossa proposta. 



Dedicamos a tarde para fazer a produção das escolas, consultar a internet e descansar. Na escola Educandário tivemos um ótimo diálogo com a diretora e rapidamente fechamos a apresentação nos períodos manhã e tarde com o valor de R$ 5,00 por criança. Na escola municipal infelizmente não foi possível realizar o espetáculo e na escola que nos impulsionou a enviar as propostas de espetáculo para os colégios acabou não conseguindo se organizar para receber o espetáculo.

Na quarta feira, dia 12 de Agosto chegamos na escola Educandário pela manhã e foi um processo desafiador acordar os palhaços tão cedo, mas fomos aquecendo e a apresentação foi linda. As crianças e professores adoraram. 

No período da tarde a diretora ficou preocupada em relação a quantidade de criança e o tamanho do espaço. Com organização deu tudo certo, a apresentação foi incrível e as reações das crianças a cada ação nossa reverberavam como uma avalanche. Gostaram muito da proposta de se maquiar na frente das crianças e pedir ajuda para eles, ouvimos histórias de pequenos que tinham medo de palhaço, mas que abstraíram e  se divertiram muito. Outro comentário positivo que ouvimos foi da sutileza do nosso trabalho, sem a necessidade de piadas imorais e muito menos a desmoralização do público. Foi um retorno artístico e financeiro positivo, ficou o contato para um próximo retorno. 



No dia 14 de Agosto estava marcada a presentação na escola Criança Feliz, onde trabalha Elaine uma vizinha que se tornou nossa amiga. Percebemos que no período da manhã o nosso corpo demorava a responder e a apresentação acabou sendo um pouco mecânica. Diferente da escola Educandário algumas crianças pequenas ficaram na frente e no momento do espetáculo, acabaram se assustando e tendo que sair por conta do choro. Foi motivo de desconcentração para a gente. Nós fizemos e no final deu tudo certo! No período da tarde estávamos mais dispostos e a apresentação foi melhor. Crianças maiores que se divertiram muito, saímos mais contentes.


Tudo foi um grande aprendizado. sobre o nosso trabalho, em relação ao contato com as escolas, a relação com as cidades e sempre cuidando para que tudo saísse da melhor forma.

Nos últimos dias em Maragogi, nos organizamos com os últimos detalhes da produção. Estávamos nos preparando para seguir rumo a Caruaru/PE. Faltava pegar a carteira de habilitação os correios, tiramos o domingo para ir na praia e descansar um pouco depois de tantas apresentações. Aproveitamos o último dia em Maragogi que tanto simpatizamos. Ficou um forte desejo de voltar, rever os amigos que fizemos e conhecer as piscinas naturais.

As respostas relacionadas aos hotéis seriam na segunda feira, deixamos tudo pronto e ficamos no aguardo. Na demora pegamos a estrada seguindo as instruções de Elaine, que sempre viajava para Pernambuco. No caminho recebemos a ligação de Ivam dizendo que os hotéis não dariam certo, tranquilo pois nós já estávamos alimentando o desejo de partir. Pegamos a estrada rumo a Caruaru/PE.

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